A importância da Nutrição na cirurgia bariátrica
A cirurgia bariátrica é uma importante ferramenta para a melhora de diversas condições e mudanças hormonais na reversão do processo da obesidade. Segundo a SBCBM (Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica) os pacientes bariátricos são capazes de eliminar 50% ou mais do excesso de peso corporal.
Porém, para garantir o sucesso na perda de peso e a conquista de uma vida com mais qualidade outros fatores são fundamentais como a nutrição, o exercício físico e a mudança de comportamento.
A atenção à nutrição deve iniciar ainda no período pré-operatório, traçando uma estratégia individualizada com uma dieta hipocalórica, de baixo índice glicêmico e hiperproteica. 1 mês neste padrão nutricional já se tem a redução do tamanho do fígado e da gordura visceral, o que facilita a cirurgia por laparoscopia e reduz as complicações durante a cirurgia e no pós-operatório.
Independente de qual seja o processo cirúrgico, se Y Roux, ou manga gástrica ou sleeve, é fundamental respeitar as fases de adaptação e a mudança do hábito alimentar.
1º fase pós-operatória – Dieta líquida.
Esta fase leva em média 2 semanas e a alimentação deve ser líquida, contendo aproximadamente 50ml a cada 30 minutos. Nesta fase há uma perda significativa de peso podendo chegar até a 10% do peso. E é fundamental a suplementação em pó. Em alguns pacientes pode surgir intolerância à lactose, nestes casos deve ser retirada da dieta.
2º fase pós-operatória – Dieta pastosa
Esta é uma fase de transição que deve durar de 7 a 10 dias e deve ter a consistência de cremes e purês, iniciando a refeição sempre pela proteína e já observar possíveis intolerâncias alimentares conforme os alimentos são introduzidos. É fundamental estimular o consumo de líquidos nos intervalos das refeições.
A escolha dos ingredientes deve sempre dar preferência aos alimentos mais densamente nutritivos, pois o volume será pequeno.
3º fase pós-operatória – Dieta Branda
É uma fase de alimentos cozidos, iniciando sempre pelas proteínas ricas em ferro e cálcio e introduzindo muitos vegetais e frutas para garantir as vitaminas e minerais.
O alimento deve ser mastigado exaustivamente e a duração desta fase é de pelo menos 15 dias.
4º fase pós-operatório – Dieta Geral (normal)
Geralmente esta fase ocorre a partir do 1º mês pós-operatório. Neste momento a alimentação deve estar completa e na forma que mais satisfaça o paciente, priorizando os alimentos mais nutritivos e evitando os alimentos mais gordurosos, fundamentalmente os ricos em gordura trans, os alimentos com alto teor de açúcar e as bebidas alcoólicas e/ou com gás.
Os pacientes muito ansiosos devem manter uma atenção especial ao processo de mastigação que é fundamental para uma boa digestão e consequentemente para a absorção.
A suplementação nutricional deve começar nos primeiros meses e deverá ser na forma de pastilhas ou em pó durante o período em que os comprimidos ou cápsulas estarão restringidos.
As deficiências mais comuns são de proteína, ferro, zinco, cálcio, vitamina D e vitaminas do complexo B, porém cada indivíduo deve ser analisado de forma individualizada pelo seu nutricionista.
Os sintomas mais frequentes causados pelas deficiências são queda de cabelo, unhas quebradiças, anemia, cansaço, pele ressecada, formigamento nas extremidades e déficit de memória.
Deficiências
Proteínas
As proteínas são fundamentais para a formação dos tecidos, das enzimas, dos hormônios e das substâncias transportadas pelo sangue. A deficiência está relacionada a grande perda de massa magra (muscular), anemia, perda de cabelo e em casos mais graves quando há falta de proteína no sangue pode ocorrer inchaço generalizado. A suplementação é fundamental para impedir que ocorra ou para corrigir uma situação de deficiência já instalada.
Ferro
É um mineral necessário para a formação das hemácias (células vermelhas do sangue). A sua deficiência está associada à anemia. Deve estar presente diariamente na alimentação os alimentos ricos como as carnes, os vegetais verdes escuros e as leguminosas (feijões). No caso de deficiência o mineral deve ser suplementado na forma e quantidade individuais.
Vitamina B12
Após a cirurgia há a redução de uma substância chamada fator intrínseco que é produzido no estômago para valores mínimos e que é necessária para que ocorra a absorção da vitamina B12. No pós-operatório deve fazer uso de reposição intramuscular ou reposição sublingual. Esta é uma vitamina que seus níveis devem ser acompanhados constantemente e suplementados quando necessário.
Tiamina (vitamina B1)
Esta vitamina participa do metabolismo dos carboidratos, a sua deficiência pode comprometer a perda de peso, persistência de vômitos e complicações pós-operatórias. Na alimentação deve estar presente carnes magras e grãos integrais. E deverá ser suplementada quando necessário.
Ácido Fólico (vitamina B9)
A sua deficiência pode causar anemia megaloblástica, mais frequente em pacientes submetidos ao desvio intestinal. Os alimentos fontes são as carnes, os vegetais verdes escuros e as leguminosas.
Vimina D
Esta vitamina geralmente está deficiente em pacientes obesos, pois é sequestrada pelo tecido adiposo. A principal fonte é a produção pelo próprio corpo exposto aos raios solares. Deve ser suplementada de rotina.
Cálcio
O cálcio é um mineral que tem sua absorção reduzida após a cirurgia. O consumo deve ser diário dos alimentos fonte como o leite e derivados, os folhosos verdes escuros, o gergelim e amaranto, mas na maioria dos casos a suplementação é necessária.
Zinco
Este mineral é necessário para várias funções do organismo. Sua deficiência está relacionada a queda de cabelo e um declínio na imunidade. Deve estar presente na alimentação carnes, grãos integrais, castanhas e sementes. Em caso de deficiência a suplementação é necessária.
Para que o processo de perda de peso e a conquista de um corpo saudável é fundamental seguir o passo a passo da nutrição, ajustando as quantidades de forma individual para que não haja problemas maiores gerados pelas deficiências nutricionais, mas não só, a hidratação adequada e a prática de atividade física são fundamentais para o resultado vitorioso!
2 comentários
Vera da Silva Santana
Janeiro 15, 2020 às 7:45 pm
Boa tarde Dr Lúcia eu estou na fila pra fazer a bariátrica,Tenho medo de ficar muito magra,tem um limite para perda de peso depois da cirurgia?
Ana Lucia Lemos
Fevereiro 18, 2020 às 5:08 pm
Olá Vera, após a bariátrica haverá uma perda de peso importante, alguns casos chegam a atingir 50% do peso corporal. Porém, quando o processo pré e pós cirúrgico é acompanhado, a alimentação é programada de forma progressiva e qualitativa somada a uma adequada suplementação o resultado normalmente é muito satisfatório. Os pacientes geralmente atingem um ponto de equilíbrio saudável reduzindo drasticamente seus fatores de risco.