Doença autoimune X permeabilidade intestinal

Outubro 15, 2020 por Ana Lucia Lemos0
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As desordens autoimunes fazem parte de um grupo heterogêneo de doenças que envolvem a interação de inúmeros fatores moleculares e celulares importantes do organismo com seu sistema imune.

A ocorrência das doenças autoimunes vem crescendo de forma impactante em todo o mundo. Os principais fatores associados ao desenvolvimento dessas patologias são as predisposições genéticas, os fatores ambientais e a disbiose e permeabilidade intestinais.

Apesar de não se saber com clareza todos os mecanismos envolvidos neste processo, está cada vez mais claro que a saúde intestinal interfere diretamente no gatilho para o desenvolvimento de doenças em geral, especialmente, as autoimunes. Em condições patológicas, a permeabilidade do revestimento do epitélio intestinal pode ficar comprometida, permitindo a passagem de toxinas, antígenos e bactérias do lúmen para a corrente sanguínea, criando o chamado “intestino que vaza” ou leaky gut. Em indivíduos com predisposição genética, um intestino com alta permeabilidade permite a ativação de processos inflamatórios e produção de moduladores do sistema imune, o que gera um automecanismo de defesa capaz de exacerbar todas as reações imunológicas.

Em estudos de várias patologias foi encontrado o aumento da permeabilidade intestinal:

  • Diabetes tipo I e II;
  • Hepatite autoimune;
  • Espondilite anquilosante;
  • Doença celíaca;
  • Artrite reumatoide;
  • Lúpus;
  • Doença inflamatória intestinal;
  • Doenças neurodegenerativas como Parkinson, Alzheimer, Esclerose múltipla;
  • Doença de Crohn;
  • Doença autoimuine da tireóide;
  • Asma;
  • Esteatose hepática (gordura no fígado);
  • Obesidade (quanto maior a permeabilidade intestinal, mais difícil o processo de emagrecimento);
  • Alergia alimentar (mediada por IgE).

A condição de permeabilidade intestinal, pode ser o gatilho e/ou o potencializador das doenças, principalmente as autoimunes e normalmente apresentam alguns sinais e sintomas, como:

  • Inchaço;
  • Gases;
  • Cólicas;
  • Sensibilidade intestinal;
  • Dor;
  • Intestino irritável;
  • Doença inflamatória intestinal;
  • Doença autoimune;
  • Problemas da tireóide;
  • Condição da pele (inflamatória, acne);

Mas como é realizada a reprogramação intestinal?

Primeiro é fundamental entender o paciente, pontuar os gatilhos, avaliar o padrão alimentar, os exames, as intolerâncias, as doenças pré-existentes, os diagnósticos.

Depois, define-se a estratégia, retirando alimentos alergênicos, retirando outros gatilhos como álcool, café, ultraprocessados, sal em excesso e agrotóxicos. Diminui-se o consumo de carne vermelha e quando necessário, realiza-se um protocolo de 2 a 8 semanas de dieta low FODMAPS, além de impulsionar o processo de digestão.

Avalia-se as melhores condutas quanto ao manejo do estresse, do sono, da atividade física, da forma como se nutre e digere as emoções, uma vez que a psicossomática intestinal está intimamente ligada as emoções, mente e espírito. 

Inicia-se, então, um processo de reintrodução dos alimentos, personalizando conforme a individualidade e objetivos traçados. Realiza-se a dieta adaptada para manutenção após a reintrodução alimentar, trabalha-se a saúde da microbiota intestinal e em algumas situações definem-se e/ou reavaliam-se os suplementos alimentares. Defini-se, então, a conduta a longo prazo, orientando para o futuro, visando evitar crises, desenvolvendo medidas preventivas, adaptadas a dieta e a vida de cada paciente.

Conhecer a máquina que temos, suas particularidades, seu funcionamento e perceber quais os combustíveis mais adequados a ela, só pode levar a um resultado: saúde!

 


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Ana Lucia Lemos - Assinatura

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Sou nutricionista, pesquisadora e apaixonada por saúde e gastronomia saudável e acredito que cada indivíduo é único e que sua nutrição está relacionada à própria personalidade e à forma como cada um lida com a própria vida.

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