Doença autoimune X permeabilidade intestinal
As desordens autoimunes fazem parte de um grupo heterogêneo de doenças que envolvem a interação de inúmeros fatores moleculares e celulares importantes do organismo com seu sistema imune.
A ocorrência das doenças autoimunes vem crescendo de forma impactante em todo o mundo. Os principais fatores associados ao desenvolvimento dessas patologias são as predisposições genéticas, os fatores ambientais e a disbiose e permeabilidade intestinais.
Apesar de não se saber com clareza todos os mecanismos envolvidos neste processo, está cada vez mais claro que a saúde intestinal interfere diretamente no gatilho para o desenvolvimento de doenças em geral, especialmente, as autoimunes. Em condições patológicas, a permeabilidade do revestimento do epitélio intestinal pode ficar comprometida, permitindo a passagem de toxinas, antígenos e bactérias do lúmen para a corrente sanguínea, criando o chamado “intestino que vaza” ou leaky gut. Em indivíduos com predisposição genética, um intestino com alta permeabilidade permite a ativação de processos inflamatórios e produção de moduladores do sistema imune, o que gera um automecanismo de defesa capaz de exacerbar todas as reações imunológicas.
Em estudos de várias patologias foi encontrado o aumento da permeabilidade intestinal:
- Diabetes tipo I e II;
- Hepatite autoimune;
- Espondilite anquilosante;
- Doença celíaca;
- Artrite reumatoide;
- Lúpus;
- Doença inflamatória intestinal;
- Doenças neurodegenerativas como Parkinson, Alzheimer, Esclerose múltipla;
- Doença de Crohn;
- Doença autoimuine da tireóide;
- Asma;
- Esteatose hepática (gordura no fígado);
- Obesidade (quanto maior a permeabilidade intestinal, mais difícil o processo de emagrecimento);
- Alergia alimentar (mediada por IgE).
A condição de permeabilidade intestinal, pode ser o gatilho e/ou o potencializador das doenças, principalmente as autoimunes e normalmente apresentam alguns sinais e sintomas, como:
- Inchaço;
- Gases;
- Cólicas;
- Sensibilidade intestinal;
- Dor;
- Intestino irritável;
- Doença inflamatória intestinal;
- Doença autoimune;
- Problemas da tireóide;
- Condição da pele (inflamatória, acne);
Mas como é realizada a reprogramação intestinal?
Primeiro é fundamental entender o paciente, pontuar os gatilhos, avaliar o padrão alimentar, os exames, as intolerâncias, as doenças pré-existentes, os diagnósticos.
Depois, define-se a estratégia, retirando alimentos alergênicos, retirando outros gatilhos como álcool, café, ultraprocessados, sal em excesso e agrotóxicos. Diminui-se o consumo de carne vermelha e quando necessário, realiza-se um protocolo de 2 a 8 semanas de dieta low FODMAPS, além de impulsionar o processo de digestão.
Avalia-se as melhores condutas quanto ao manejo do estresse, do sono, da atividade física, da forma como se nutre e digere as emoções, uma vez que a psicossomática intestinal está intimamente ligada as emoções, mente e espírito.
Inicia-se, então, um processo de reintrodução dos alimentos, personalizando conforme a individualidade e objetivos traçados. Realiza-se a dieta adaptada para manutenção após a reintrodução alimentar, trabalha-se a saúde da microbiota intestinal e em algumas situações definem-se e/ou reavaliam-se os suplementos alimentares. Defini-se, então, a conduta a longo prazo, orientando para o futuro, visando evitar crises, desenvolvendo medidas preventivas, adaptadas a dieta e a vida de cada paciente.
Conhecer a máquina que temos, suas particularidades, seu funcionamento e perceber quais os combustíveis mais adequados a ela, só pode levar a um resultado: saúde!