Para que ocorra um processo de emagrecimento é necessário estar em um estado de déficit calórico, porém, não é um processo tão simples quanto realizar dietas restritivas ou passar horas em atividade física exaustiva diariamente. 

Muitas cascatas fisiológicas e processos emocionais estão envolvidos. É necessário realizar um planejamento de curto, médio e longo prazos, vislumbrando a conquista de um corpo e de hábitos saudáveis, uma vez que todo processo de ganho de peso não planejado está relacionado à desequilíbrios e desordens nestes campos.

É importante dar inicio ao processo com protocolos dietéticos qualitativos e não quantitativos, incluindo alimentos ricos em nutrientes anti-inflamatórios, suprir eventuais carências nutricionais tendo como objetivo melhorar a sensibilidade à insulina, à leptina e as catecolaminas, hormônios que estão envolvidos no processo de saciedade, termogênese e da lipólise (queima da gordura corpórea).

Durante este processo é frequente o paciente referenciar um bem estar, além de apresentar alguma redução no peso que está relacionada à diminuição do estado inflamatório, além da diminuição no consumo de alimentos densamente energéticos como consequência ao aumento no consumo de alimentos mais nutritivos, que costumam apresentar uma densidade energética menor e um volume maior, realizando um processo de “limpeza” mas mantendo a saciedade.

Importante também incluir alimentos fontes de nutrientes que estão envolvidos na produção da serotonina e do GABA, neurotransmissores que irão atuar diretamente na modulação da ansiedade, na diminuição da fome hedônica (não fisiológica), no processo de queima de gordura e na qualidade do sono, como o triptofano, folato, vitamina B6 e ômega3, além da vitamina D que normalmente encontra-se baixa nos estados de sobrepeso e obesidade, por ser uma vitamina  sequestrada pelo tecido adiposo.

Com o organismo mais nutrido e funcionante é momento de se trabalhar o balanço energético negativo, mantendo uma alimentação de boa qualidade, rica em micronutrientes, fibras e polifenóis, visando sempre uma redução do processo de inflamação e na abundância de vitaminas, minerais e bioativos, que serão fundamentais para o bom funcionamento da tireóide, para a produção dos hormônios sacietogênicos e na construção de uma microbiota intestinal saudável e rica, fatores indispensáveis para o processo de emagrecimento.

Este período de limitações e restrições deve estar alinhado com uma estratégia de nutrição periodizada e personalizada, onde a distribuição de grupos alimentares ao longo do dia é planejada objetivando a maior eficiência na dinâmica do indivíduo. 

Mas é importante entender que o processo de emagrecimento não é linear e igual para todos, bem como entender que é impraticável viver períodos muito longos de restrição alimentar o que pode comprometer a perda de peso, gerar compulsões alimentares e perda significativa de massa magra. É fundamental que a estratégia seja cíclica e constante, onde se trabalha a perda de peso restritiva, alterações nas fontes proteicas, períodos de superávit calórico, juntamente com períodos estendidos de reparos metabólicos.

O corpo humano não foi programado para a mesmice e sim para a riqueza, variedade e versatilidade. Se conectar a ele é fundamental para se desenvolver, evoluir e expandir suas valências. A busca estética é um apelo muito forte, mas é importante entender que ela é o resultado de um processo muito mais profundo e de uma beleza ainda mais ampla.

Buscar conhecimento, entender melhor a si mesmo, procurar ajuda qualificada e comprometer-se, são condições vitais para o sucesso. É um processo  riquíssimo onde a pressa pode comprometer o resultado e gerar frustações.